sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

A calça

Chove e tenho que atravessar a rua.
Que rua, vejo só água
Da enchente que se forma em correnteza.
Ergo as pernas da calça
Para não molhar
Pois às duras penas foi lavada e passada.
Mesmo assim molho os sapatos.
É tudo muito rápido.
As águas já atingem minhas canelas!
Tenho que erguer mais a calça.
Penso em minha mãe com seu tempo gasto
Para fazer vincos impecáveis.
Agora meus sapatos estão cheios d’água
Dessa água imunda da chuva.
Não posso molhar a calça, pela minha mãe.
Estou no meio da enxurrada
As águas estão mais altas
Não posso molhar minha calça.
Não tenho mais como subir.
Acho que vou tirá-la
Não posso deixar molhar.
Minha calça tão bem passada.
Chequei do outro lado com a calça nas mãos
Mas, Oh céu!
A calça está molhada pela chuva
E amassada por ter ficado debaixo dos braços
Desculpa-me, mãe?


Jose Luiz Paiva
29/01/10

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