quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Sempre assim


Sou eu que grito um grito de morte,
Quando a sorte não se confronta comigo.
Num simples impulso me viro do avesso
Enfrento a batalha do cotidiano.
Passo todas as noites pelo mesmo lugar
como um esquálido Zumbi, e nem percebo
que tudo muda a cada segundo,
Porque estou tão concentrado em conseguir aquilo
Que não mais preciso na hora de decidir
Sobre o meu destino insípido.
Momento raro que deixo escapar dentre os
Dedos grossos do trabalho, que me funde a cabeça.

Eu nunca decido nada, tudo acontece
E novamente me perco
Na densidade vã de meus pensamentos
Malucos.


fevereiro de 2010
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A Moça

( Para Mirian Fernanda)


Era ela
A moça que passava
E deixava inquietos os rapazes
Da rua, do trabalho, da escola.
Não percebia ou se percebia, não ligava.
Pois em seu coração
(ah! Esses corações femininos)
Havia um nome especial.
(que para mim não importa)
Ficávamos eu, e muitos outros
(rapaziada e até invejosas)
Olhando a moça
Que sumia no horizonte.
Bela, morena
Ou morena bela (indefinido)
E a cada dia ainda mais.
Às vezes um sorriso
Só para mim que sou seu amigo
Outras, uma lágrima
Essas coisas que a vida apronta.
E a moça?
Simples moça
Ou moça simples
Que a vida colocou atributos
Diferenciando de outras moças de sua idade.
Peço licença à Drummond
Mas para essa moça
Retiro a pedra
Quando ela passa.
O tempo passou
A moça não passou mais
Na mesma rua
Mas continua tão bela
Como outrora, ou até mais.



Janeiro/2010
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sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

A calça

Chove e tenho que atravessar a rua.
Que rua, vejo só água
Da enchente que se forma em correnteza.
Ergo as pernas da calça
Para não molhar
Pois às duras penas foi lavada e passada.
Mesmo assim molho os sapatos.
É tudo muito rápido.
As águas já atingem minhas canelas!
Tenho que erguer mais a calça.
Penso em minha mãe com seu tempo gasto
Para fazer vincos impecáveis.
Agora meus sapatos estão cheios d’água
Dessa água imunda da chuva.
Não posso molhar a calça, pela minha mãe.
Estou no meio da enxurrada
As águas estão mais altas
Não posso molhar minha calça.
Não tenho mais como subir.
Acho que vou tirá-la
Não posso deixar molhar.
Minha calça tão bem passada.
Chequei do outro lado com a calça nas mãos
Mas, Oh céu!
A calça está molhada pela chuva
E amassada por ter ficado debaixo dos braços
Desculpa-me, mãe?


Jose Luiz Paiva
29/01/10

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Amor

Não sei porquê ainda falo de amor
Se ele sempre me acompanhou
De forma inconseqüente.

Tão raro em meu coração
Pois ficou preso em momentos
Do meu passado

Foi quando morri para o mundo
Sem morrer para a vida.


Jose Luiz Paiva
29/01/10

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Recado


Ainda que eu passe
Tanto tempo sem te ver
A vejo a todo instante
Nas formas vivas do mundo.
Ainda que eu percorra
Todas as ruas, todas as vias
Para te encontrar
E você faça questão de se esconder
A vejo nos corpos que passam
Nos sorrisos simples,
Nos olhos que me olham
Meio desconfiados.
Mesmo que eu cante uma música chata
Daquelas que nada têm a ver com nossa história
E você tape os ouvidos, entediada
Ouço o canto dos pássaros
Imaginando uma melodia
Cheia de amor, cantada por você.
Mesmo que você me mande embora
Não ficarei triste
Pois o caminho que eu seguir
Será o mesmo que me fará voltar
Quando você me chamar.

Jose Luiz Paiva
29/01/10

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Grilo Falante

Grilo falante
Falante grilo
Que fala ..fala...
Ninguém escuta.

Somos todos surdos.



Jose Luiz Paiva
29/01/10

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Desabafo


Se disser que te amo
Talvez você não acredite
Mas eu acredito que te amo
E isso me basta.



Jose Luiz Paiva
29/01/10

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Lágrimas de choro



Choro
Porque chorar faz bem
Porque os fracos choram
Porque os ricos choram
Porque as mulheres choram
Porque os homens choram.

Choro porque dá vontade
É da vida.


José Luiz Paiva
29/01/10

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